Atividades de Libras

Base da alfabetização de surdos

Visão responsável por 38% da aprendizagem

 
Os surdos são curiosos e aprendem o que vêem, ou seja tem a visão como entrada para qualquer nova aquisição de aprendizagem. O professor para atingir a alfabetização do surdo de forma plena e contextualizada, precisa conhecer a cultura surda e a estrutura linguística da Libras, pois a partir desse conhecimento o professor poderá traçar um paralelo entre a língua portuguesa e a língua de sinais.
Muitos trabalhos desenvolvidos em sala de alfabetização de surdos resume-se em depositar inúmeras atividades de desenvolvimento de vocabulário constado apenas sinal e palavra, mas o surdo aprende quando pode fazer uma relação entre a imagem, o sinal e só então passar para a palavras datilologada. A escrita na língua portuguesa deve ser iniciada quando o surdo já domina um grande número de sinais e a datilologia dos mesmos, assim é possível dizer que esse está alfabetizado em Libras e precisará a partir daí de estímulos para o desenvolvimento da segunda língua, a L2 que é a língua portuguesa.
A Lei de Diretrizes e Base prevê que o surdo tenha um segundo professor para acompanhá-lo até o final da alfabetização, atendendo assim que seja até o 5 ano, e a partir dos próximos anos de escolaridade esse será acompanhado por um profissional interprete de Libras que terá a função exclusiva de tradução e interpretação. Porém, pelo que foi observado até o momento, as instituições de ensino públicas contratando interpretes para os ano iniciais e em muitas vezes esse profissional não tem habilitação suficiente para desenvolver um trabalho efetivo com esse surdo que acaba sendo EMPURRADO nas séries seguintes dando a característica da educação inclusiva no Brasil que é bancária e sem o desenvolvimento de vivências e estímulos para uma vida social autônoma.
Se a pessoa com deficiência está inserida no ensino regular ela sabe que tem os mesmos direitos dos demais alunos, assim é garantido por lei que esse receba o mesmo ensino que os demais colegas, não necessitando do mesmo método ou período de estudo, pois cada criança aprende no seu tempo e assim também são com as crianças surdas que deve ter um currículo objetivo e direcionado para aquilo que eles realmente usaram na fase adulta, conhecido como currículo funcional.
Contudo, fica a dica de trabalho para os professores que receberam a tarefa de trabalhar com crianças surdas e ainda tem muitas dúvidas a respeito desse trabalho. Seja o mais visual possível, buscando sempre desenvolver um trabalho onde o surdo possa fazer constantes revisões e aprofundar seus conhecimento em Libras. É importante que o surdo seja tratado como os demais alunos sem regalias ou "vantagens" como fazer a prova em mais tempo, sair da sala para fazer uma prova, recusar-se em participar de atividades, tudo deve ser esclarecido para o surdo, quanto mais informação puder transmitir para seu aluno melhor será seu desenvolvimento cognitivo.
O surdo tem a capacidade de autonomia e essa só se fará efetiva se o surdo tiver o segundo professor bilíngue no período de alfabetização e o profissional interprete no ensino fundamental e médio. Lembre-se, o professor tem direito de ter a assistência de cursos de Libras para garantir a comunicação com seu aluno, só assim será efetivo esse processo que em muitos casos é traumático e ineficaz para o surdo.

Rosana Gomes Jacinto Canteri
 
 

Uma ótima opção para avaliação de Libras

Livro "Libras" de Ronice Müller de Quadros


Esse livro pode ser usado como base para a avaliação de surdos de diferentes faixas etárias.

O objetivo central do livro é a apresentação da metodologia e dos resultados de uma pesquisa sobre a aprendizagem de Libras, desenvolvida com surdos de aquisição precoce ou tardia. A obra se organiza em três capítulos. O primeiro discorre sobre o processo de aquisição da língua de sinais pela criança surda dentro de um enquadramento teórico gerativista, o foco desse capítulo é o estímulo linguístico e sua influência na aquisição da língua de sinais que segundo pesquisas registradas nesse livro, podem ocorrer de forma natural quando os pais não forem usuários plenos da língua de sinais. O segundo capítulo apresenta instrumentos de avaliação da língua de sinais desenvolvidos a partir de experimentos realizados pelas autoras no período entre 2002 e 2007 e os respectivos resultados traçando um paralelo entre a aquisição precoce (até os 4:6 anos) e tardia (após os 4:6 anos) tendo como melhor desempenho em todos os aspectos a aquisição tardia. E o terceiro capítulo oferece algumas opções de técnicas de intervenção escolar caso sejam encontradas lacunas na aprendizagem da língua de sinais, a metodologia usada são: partir de imagens, jogos, vídeos e relatos narrativos que trabalham a produção e a compreensão da Libras.

Aproveitem é um livro muito rico e completo sobre o tema apresetado acima.


Referência: QUADROS, Ronice Müller de. Língua de sinais: instrumentos de avaliação/Ronice Müller de Quadros, Carina Rebello Cruz. – Porto Alegre: Artmed, 2011.

Rosana Gomes Jacinto Canteri