Atividades de Libras


Um olhar para o contexto de aquisição e reconhecimento da língua de sinais perante as vias legais


Tem sido um desafio a inclusão apresentada à sociedade, que aparece como figurante nesse processo. Os indivíduos que se mostram aquém aos padrões sociais pré estabelecidos, ainda enfrentam barreiras para ter seus direitos assegurados, conforme preveem as leis. Nesse artigo será discutido o papel da sociedade no processo de inclusão apresentando os caminhos legais para assegurar o direito de acesso e permanência aos serviços públicos e da educação no Brasil.
Para os surdos essa utopia de direitos vem refletindo desde 2002, quando foi publicada a lei 10.436 que obriga as instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde em garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva. A partir desse período são inúmeros os relatos de surdos que ao recorrerem a direitos previstos em lei, foram obrigados a pagar, para ter um interprete o acompanhando em lugares que a lei determina que deveria haver disponibilidade de pessoas aptas a atender o surdo. Por não terem acesso aos serviços educacionais onde há estudo e difusão de Libras, os surdos, acabam enfrentando os problemas pelo atraso na aquisição da linguagem, refletindo na aprendizagem da Língua Português, que em muitos casos é descontextualizada da cultura surda. Imagine aprender uma segunda língua, nesse caso, a Língua Portuguesa sem ter aprendido a língua materna, Libras.
            A lei abordada nesse estudo prevê a disseminação da cultura surda pouco difundida, isso para que o desenvolvimento da aprendizagem seja de forma significativa e conexa a sua identidade cultural. Existem relatos de pessoas com deficiência auditiva que teve sua cultura negligenciada até pela família que investiu em tratamentos fonológicos para desenvolver a linguagem oral, mas na fase adulta o surdo se vê desvinculado de uma cultura que passa a ser desvalorizada por ele e desconexa de sua realidade, pois vive em um meio social onde não se beneficia de nenhum dos direitos previstos para ouvintes.
A busca incessante da família para oralizar o surdo com resíduos auditivos constrói barreiras sociais, onde a língua materna do surdo é proibida e ele inicia aprendizagem na segunda língua, o português. São inúmeras as tentativas frustradas para o desenvolvimento educacional do surdo. Pesquisas realizadas por nos Estados Unidos da América na universidade da Califórnia de San Diego revelam que, mais de 90% das crianças surdas nascidas de pais ouvintes que não utilizam a linguagem de sinais (...) Em casos raros, alguns indivíduos surdos são isolados de toda a entrada de linguística até a adolescência, quando eles começam a ter a aquisição da linguagem, Libras (Schein, 1989).... Pesquisas e experiências educacionais comprovam que, mesmo sem ter contato com a cultura surda durante a infância, quando essa é vivenciada na adolescência ou em alguns casos na fase adulta, há grande aproveitamento linguístico, pois são “aproveitadas” e contextualizadas todas as informações visuais adquiridas ao longo da vida.
O papel das políticas públicas é assegurar que haja valorização e respeito da cultura surda com estruturação linguística própria fundamental para a compreensão e desenvolvimento integral desses sujeitos. Porém, nos deparamos com um sistema social de acomodação e arrecadação, é “caro e burocrático” investir na formação profissional para o desenvolvimento de culturas, é fácil aceitarmos, acomodadamente a educação bancária que vem se difundindo com a integração e exclusão social.
Muitos avanços são vistos, após a aprovação da lei 10.436/02, mas há pouco conhecimento que prejudica aplicabilidade da mesma.
 
Professora: Rosana Gomes Jacinto Canteri
Formada em pedagogia pela UNIDERP/Anhanguera Interativa (2009), especialista em educação inclusiva e psicopedagogia (2011), Aluna de mestrado em Lingüística na UFSC. 





11 anos da Lei 10.436 “Lei de Libras”


É uma luta que no dia 24 de abril de 2013 completa 11 anos. Muitas mobilizações estão sendo feitas para que haja reconhecimento e aplicabilidade dessa política pública que assegura direitos de surdos que desejam ser atuantes na sociedades e de ouvintes que desejam conhecer a cultura surda através do ingresso em cursos superiores e que se vêem excluídos por não ter interprete para tradução e interpretação na língua portuguesa, já que em alguns cursos as aulas são exclusivamente ministradas em Língua de sinais.
É isso já foi conquistado!
Professora: Rosana Gomes Jacinto Canteri.